domingo, 25 de fevereiro de 2024
quarta-feira, 23 de agosto de 2023
O Rock Progressivo na Espanha
Primórdios:
O mais próximo do Rock Progressivo no final dos anos 1960 na Espanha foi a banda madrilenha LOS RELÁMPAGOS. Eles tocavam Surf Rock instrumental com destaque para o som do órgão elétrico. A banda teve algum sucesso com a fusão de Rock dos anos 1960 com a Música Clássica dos compositores espanhóis Albéniz, Turina e Granados.
A ditadura de Francisco Franco e sua influência nas artes:
Francisco Franco foi um general espanhol que liderou um golpe militar contra a República Espanhola na década de 1930, tornando-se ditador do país até 1975, ano em que faleceu. A ditadura imposta por Francisco Franco recebeu o nome de franquismo e só se encerrou com a morte de seu líder. Uma característica marcante da ditadura franquista foi a repressão às minorias culturais da Espanha. Por ser um regime nacionalista, Franco perseguiu minorias étnicas da Espanha, como os catalães e os bascos. Então é quase impensável que bandas de Rock com expressões artísticas contrárias ao regime se sobressaíssem.
Apesar dessa situação política (antes de 1975) com seu fim, a Espanha desenvolveu uma das cenas de Rock Progressivo mais distintas do mundo. Muitas bandas estiveram envolvidas nas fusões do Rock Progressivo com o flamenco e as formas musicais tradicionais espanholas.
Gravadoras:
Duas gravadoras tiveram profunda influência no Rock Progressivo espanhol. O produtor Gonzalo García-Pelayo Segovia iniciou o selo Gong em 1974. Este selo madrilenho de propriedade da Movieplay lançou muitos dos artistas mais conhecidos da década, incluindo TRIANA (Sevilha), GOTIC (Barcelona), GRANADA (Madrid), Gualberto ( Sevilha), a banda de Folk-Rock TÍLBURI (Madrid) e GOMA (Sevilha).
Outra gravadora essencial foi a Chapa-Zafiro, de Madrid, que lançou álbuns do BLOQUE (Torrelavega), ASFALTO (Madrid), CRACK (Gijón), MEZQUITA (Córdoba), já nos últimos anos da década de 70.
Em Barcelona, o selo Edigsa concentrou-se em cantores e compositores, Jazz latino e Rock catalão, com álbuns de COMPANYA ELÉCTRICA DHARMA, SECTA SÓNICA, influenciados pela sardana, e do tecladista de Jazz-Rock/Fusion Jordi Sabatés.
As bandas pioneiras do Prog espanhol incluem LOS MÓDULOS (Madri), FUSIOON (Barcelona) e SMASH (Sevilha). LOS MÓDULOS rapidamente se tornou um grupo de baladas Pop românticas no topo das paradas e há muito poucos vestígios de seu palco de Rock Progressivo. O FUSIOON gravou vários álbuns: "Fusioon" (Belter, 1972), "Fusioon 2" (Belter, 1973,1974) e "Minorisa" (Ariola, 1975).
O SMASH Smash lançou "Glorieta de los lotos” (Philips Records, 1970) e "We come to smash this time"(Philips Records, 1971). Depois de deixar o SMASH, um de seus fundadores, o sitarista Gualberto, gravou vários álbuns solo combinando Rock Progressivo, Flamenco e música indiana: A "La Vida, Al Dolor" (Movieplay, 1975); "Vericuetos" (Movieplay, 1976); "Otros Dias" (Movieplay, 1979) e "Gualberto y Agujetas" (Movieplay, 1979).
Rock Progressivo encontra o Flamenco (Rock Andaluz):
No sul da Espanha, várias bandas inspiradas em artistas britânicos e americanos desenvolveram o Rock Andaluz, uma fascinante mistura de Rock com Flamenco. Em muitos casos, essas bandas se aventuraram no Rock Progressivo.
O IMÁN CALIFATO INDEPENDIENTE revolucionou a música espanhola com uma fusão de sons de Rock Progressivo, Flamenco, árabe e Jazz. O IMAN lançou apenas dois álbums: "Imán, Califato Independiente" (CBS, 1978) e "Camiño del Águila" (CBS, 1980).
CAI, incorporou Rock Progressivo, Jazz-Fusion com o Flamenco. O seu jovem tecladista, Chano Dominguez, tornou-se o principal pianista de Jazz da Espanha e é conhecido por suas brilhantes fusões de Flamenco, música andaluza e Jazz. O CAI lançou vários álbums, sendo os mais interessantes: "Más Allá de Nuestras Mentes Diminutas" (Trova Records) em 1978, "Noche Abierta" (1980) e "Canción de La Primavera" (1981).
TRIANA foi formado em 1974 como um trio composto pelo vocalista e organista Jesús de la Rosa Luque, o guitarrista Eduardo Rodríguez Rodway e o baterista Juan José Palacios, mais conhecido como Tele. Lançaram seu álbum de estréia sem título (apelidado de "El patio") no ano seguinte, apresentando um som que mesclava elementos da Música Flamenca com o Rock Progressivo e Psicodélico. Apesar de um fracasso comercial, o álbum rendeu à banda um público cult entre os jovens espanhóis que, após a queda tardia do fascismo no país, estavam interessados nos temas subversivos do Rock (especialmente o Rock Psicodélico) apresentados na música de TRIANA. Em 1977, lançaram seu segundo álbum, "Hijos del agobio", que foi um sucesso comercial maior do que a sua estréia e foi notável por suas letras politicamente envolvidas, que refletiam a natureza tensa e instável do clima político da Espanha na época. Seu terceiro álbum, "Sombra y luz", foi lançado em 1979, contendo elementos de Jazz e foi certificado de platina pelo AFYVE.
Em 1980, o TRIANA lançou seu quarto álbum, "Un encuentro", que demonstrou um som muito mais comercial e influenciado pelo Pop Rock. Seu acompanhamento, "Un mal sueño", de 1981, apresentava um som similar, assim como seu sexto álbum, "Llegó el día" de 1983. Logo após o lançamento de "Llegó el día", De la Rosa Luque morreu em um acidente de carro, e a banda posteriormente anunciou seu rompimento.
ALAMEDA é de Sevilha e sua história começa em 1977, quando quatro músicos do Conservatório de Música durante o ano letivo 1977/78 - depois de várias experiências em diferentes grupos - decidiram juntar-se e formar um grupo que chamariam de ALAMEDA. Depois de alguns anos se apresentando na Andaluzia, decidiram gravar uma demo nos estúdios de Ricardo Pachon em "El Aljarafe" no início de 1979 e ir de casa em gravadora para tentar a sorte. Felizmente a CBS os contratou pela mão de Gonzalo Garcia Pelayo e com uma capa desenhada por Maximo Moreno, o mesmo desenhista da banda TRIANA, entraram nos estúdios AudioFilm de Madrid para gravar o que seria seu autointitulado álbum de estréia, do mesmo ano do lançamento de "Sombra y Luz" de TRIANA.
A aposta musical do ALAMEDA foi o chamado Rock Andaluz, aquele estilo que TRIANA vinha desenvolvendo desde o seu "El Patio", ou seja, misturando e fundindo flamenco, copla e clássicos andaluzes com o Rock Sinfónico anglo-saxão do PINK FLOYD, GENESIS, YES e KING CRIMSON. Sofreram injustamente por estar na sombra de TRIANA, primeiro porque eram mais populares que eles, o que também os beneficiou de alguma forma e, segundo, porque foram acusados de brincar ou imitar TRIANA, uma questão que não pode ser completamente negada. "Luz y Sombra" de TRIANA, gravado nos Estúdios Sonoland no final de 1978 e início de 1979, contou com a presença de José Roca nas guitarras elétricas e Manuel Rosa no baixo, ambos músicos do ALAMEDA.
Além do autointitulado álbum de estréia, lançaram vários álbums em sequencia: "Misterioso Manantial" (1980), "Aire Cálido de Abril" (1981) e "Noche Andaluza" (1983).
MEDINA AZAHARA foi formado em 1979 em Córdoba, Andaluzia, por Manuel Martínez (vocal), Pablo Rabadán (teclados), Manuel S. Molina (baixo), José A. Molina (bateria) e Miguel Galán (guitarra). Logo após sua formação tiveram a oportunidade de gravar seu primeiro long play, lançado em 1979 pela CBS, e autointitulado, que reflete as influências da banda, mesclando o Hard Rock de nomes como DEEP PURPLE ou RAINBOW com características típicas do Rock Sinfônico, e do já citado Rock andaluz praticado por grupos como TRIANA, que tem sido uma das maiores influências no estilo de MEDINA AZAHARA. Nesse álbum estava o hit "Paseando por La Mezquita", que se tornou um hino do grupo, a tal ponto que o mesmo álbum ficou conhecido como "Paseando por La Mezquita".
Continuando na mesma linha do álbum de estreia, criaram um segundo álbum intitulado "La esquina del viento", lançado em 1981. Depois veio "Andalucía" em 1982, mas a cena do Rock Andaluz e a sua popularidade começaram a declinar, ficando para trás, com o consequente declínio comercial, o que provocou um descanso produtivo de discos, ao mesmo tempo que se dissociaram da CBS, embora MEDINA AZAHARA continuasse as suas atividades.
Madrid: caldeirão de Rock Progressivo
LOS CANARIOS
Inicialmente uma banda de Rock e Blues formada nas Ilhas Canárias, mudou-se para Madrid. Liderados por Teddy Bautista, OS CANARIOS lançou uma das obras-primas do Rock Progressivo espanhol, um álbum duplo intitulado "Ciclos"(Ariola Records, 1974) vagamente baseado nas "Quatro estações de Vivaldi".
GRANADA
Essa banda se tornou uma banda chave na cena do Rock Progressivo espanhol. O nome da banda não veio da cidade de Granada, mas da Romã, que se chama Granada em espanhol. Liderada pelo multi-instrumentista madrilenho Carlos Cárcamo, inicialmente mostrou influências andaluzas e até elementos de Folk-Rock americano em "Hablo de una tierra" (1975) e "España, año 75" (1976). No entanto, GRANADA introduziu mais tarde mais teclados e elementos clássicos e no último e melhor álbum, "Valle del Pas" (1978), as raízes espanholas migraram para as regiões do norte de Espanha, mostrando influências da música celta, incluindo o uso de gaita de foles.
AZAHAR
Outra banda sediada em Madrid, com músicos da Espanha, Egito e América do Sul. Inicialmente usaram dois tecladistas e nenhum guitarrista. A música era uma mistura de Rock Progressivo com influências árabes, andaluzas e psicodélicas. Lançaram "Elixir" (Movieplay, 1977) e "Azahar" (Movieplay, 1979).
ASFALTO
Outra banda de Madrid e uma das melhores bandas de Hard Rock da Espanha, gravando um álbum de rock progressivo intitulado "Al Otro Lado" (Chapa Discos, 1978). Mais tarde, ex-músicos do ASFALTO formaram o Topo. Seu primeiro álbum, intitulado "Topo", é considerado um álbum de Prog, porém mais tarde, seguiram na direção do Hard Rock.
ÑU
Liderado por José Carlos Molina, flautista muito parecido com Ian Anderson, foi claramente influenciado por JETHRO TULL. Outras influências musicais incluíram Música Medieval, celta e Hard Rock. O álbum mais "Progressivo" do ÑU foi "Cuentos de ayer y de hoy" (Chapa Discos, 1978).
AZABACHE
Em 1978, o AZAHAR dividiu-se ao meio. Antonio Valls e Dick Zappala continuaram com a banda. O baixista e guitarrista Jorge ‘Flaco’ Barral e o tecladista Gustavo Ros formaram um novo grupo de rock progressivo chamado Azabache. A banda foi completada com o guitarrista Daniel Henestrosa e o baterista Ricardo Valle. Azabache lançou Días de Luna (Movieplay, 1979). Ricardo Valle deixou a banda e Flaco Barral recrutou o também baterista uruguaio, Hermes Calabria. Miguel Torres também se juntou a Azabache na voz e flauta. Lançaram “No, Gracias” (Movieplay, 1980). A banda se separou em 1981.
Barcelona: Rock Progressivo e Fusion
Durante a década de 1970, os músicos da região de Barcelona pareciam mais interessados no Fusion e no Jazz latino, e três bandas se destacaram: FUSIOON, ATILA e ICEBERG. O ATILA cantava em catalão e tinha influência de Música Clássica.
ICEBERG foi uma banda formada por músicos experientes de Rock, Pop e Jazz. Seu primeiro álbum, "Tutankhamon" (Serdisco, 1975) foi um álbum conceitual com letras em espanhol, mas o Jazz estava no sangue dos músicos e rapidamente se tornou uma das principais bandas de Fusion da Espanha. A banda ainda lançou "Coses Nostres" (1976), "Sentiments" (1977) e "Arc-en-ciel" (1979). Em 1980, o ICEBERG se separou e deu lugar a outra banda de Fusion chamada PEGASUS.
O GOTIC tinha um flautista principal e misturava Rock sinfônico e Jazz-Rock com elementos Folk. Seu álbum "Escenes", lançado em 1978, tinha na formação: Rafael Escoté no baixo, Jordi Martí na bateria, Jep Nuix na flauta, Jordi Vilaprinyó nos teclados, Josep Albert Cubero nas guitarras e Jordi Vidal nos efeitos. A arte da capa do álbum emulava o estilo de Roger Dean.
Outra banda frequentemente associada ao Rock Progressivo foi a COMPANYA ELECTRICA DHARMA que combinava Rock com elementos de Jazz e Música Folk catalã, usando a trompa tenora como principal instrumento solo. Seu estilo às vezes era chamado de Rock Sardana (Sardana é a dança Folk mais popular na região catalã).
As Bandas do Norte:
CRACK e BLOQUE são duas bandas do norte da Espanha que lançaram álbuns essenciais durante a década de 1970.
O efêmero CRACK (de Gijón, região das Astúrias) lançou "Si todo hiciera Crack", um álbum espetacular que, ao contrário de outras bandas espanholas, trazia influências do Rock Progressivo Italiano e britânico.
BLOQUE, de Torrelavega (Cantábria), teve uma carreira mais longa e lançou vários bons álbuns Progressivos, incluindo "Bloque" (Chapa/Zafiro, 1978), "Hombre, Tierra y Alma" (Chapa/Zafiro, 1979), "Música para la libertad" (1981) e "En Directo" (1999). O BLOQUE era muito popular em toda a Espanha graças às extensas turnês.
No País Basco, os grupos mais interessantes foram ITOIZ e ERROBI.
ITOIZ lançou dois bons álbuns de Rock Progressivo, "Itoiz" (1978) e "Ezekiel" (1980). Os membros da banda incluíam Joseba Erkiaga (flauta), Estanis Osinalde (bateria), Juan Carlos Perez (guitarra e voz), Jose Garate (baixo) e Jose Antonio Fernandez (teclados).
ERROBI lançou uma das melhores gravações de Rock Progressivo basco: "Ametsaren Bidea" (1979). Este álbum fundiu Rock Progressivo com música Folk basca. A formação incluía Beñat Amorena (bateria e voz), Mikel Ducau (voz e guitarra e teclado), Anje Duhalde (guitarra e voz) e Mikel Halty (baixo).
Uma banda de curta duração da Cantábria chamada IBIO introduziu elementos da música folclórica cantábrica e lançaram seu único álbum "Cuevas de Altamira". O álbum, praticamente instrumental, oferece um Rock Progressivo agradável com elementos sinfônicos. Além disso, algumas influências folclóricas do norte da Espanha são reconhecíveis aqui e ali.
O ENBOR é outro grupo basco que se beneficiou do deslocamento do regime de Franco em 1975. De fato, as minorias "étnicas" não foram realmente autorizadas a expressar suas diferenças sob a ditadura do líder fascista e, uma vez que a Espanha se tornou uma democracia, as três províncias bascas reivindicaram mais autonomia, não apenas política, mas também cultural. Então, um grupo popular de Folk Rock apareceu em cena, cantando sua liberdade em sua língua nativa e provavelmente promovendo o espírito de independência também, muito parecido com o que estava acontecendo em Quebec ao mesmo tempo. Em alguns anos, grupos como HAIZEA, ERROBI, ITZIAR, IZUKAITZ, LISKER, ENBOR, GURE BIDEA e EIDER apareceram em cena nos três anos seguintes, reivindicando sua liberdade na veia do Folk Rock, embora todos eles cultivassem suas próprias particularidades (sentido de identidade). O ENBOR lançou "Enbor" em 1979 e "Katebegiak" em 1980.
A cena Prog em Valência:
Sendo uma das maiores cidades de Espanha, Valência também teve a sua cena de Rock Progressivo. Os artistas mais conhecidos foram COTÓ EN PEL, TARÁNTULA e Eduardo Bort.
COTÓ EN PEL lançou apenas um álbum: "Holocaust" (Dial Discos/Nevada, 1978). A formação incluía Pep Llopis no órgão, sintetizador, mellotron e voz; Carles Pico na guitarra elétrica, violão; Vicent Cortina na bateria, percussão; e Paco Cintero no baixo, corneta e voz.
TARÁNTULA foi formada em 1973 e lançou um álbum de estréia autointitulado em 1976 pelo selo Chapa de Zafiro. A formação incluía Vicente Guillot nos teclados, Miguel Izquierdo na bateria, José Pereira no baixo, Herminio Barranco na guitarra e El Ferro (Alfonso) na flauta. O segundo álbum apresenta uma formação diferente e é essencialmente um álbum de Pop-Rock.
MEDITERRANEO é de Alicante (uma cidade do sudeste da Espanha, próxima de Valência). Antes de se tornar conhecido por seus álbuns mais comerciais, a banda lançou dois álbums que estão na linha do Rock Progressivo. A banda surgiu no início dos anos 70, encabeçada pelo tecladista/vocalista Victor Carratala e o baterista Alfonso Linares.
Por causa da ditadura, que na época era regra na Espanha, a banda mudou de nome várias vezes, HUEVO FRITO e MANDRAGORA, por exemplo, no entanto, ela não gravou nada sob esses nomes. A segunda metade e o final dos anos 70 tornou-se o período mais intenso e neste momento, aconteceram numerosos concertos, várias participações em festivais e performances em clubes. Através da pequena gravadora local Aphrodita, decidiram gravar e lançar seu álbum
de estréia, "Estrechas calles de Santa Cruz", em 1978.
Década de 1980:
Como em outros países, o início da década de 1980 foi uma época muito difícil para o Rock Progressivo na Espanha. Muitas das melhores bandas se separaram e a atenção das gravadoras e críticos musicais estava voltada para o Punk Rock e a New Wave (chamada nueva ola em espanhol). Madrid era o ponto focal do mundo da música espanhola e o seu próspero cenário artístico era conhecido como “la movida” madrileña. Este movimento incluiu não apenas músicos, mas também pintores, artistas gráficos e cineastas como Almodóvar.
No entanto, o Rock Progressivo voltou, alimentado pelo interesse renovado, a Espanha viu um ressurgimento de bandas de Rock Progressivo, sendo as principais deste período: GALADRIEL (Madrid), HARNAKIS (Barcelona), ONZA (Jerez de la Frontera, no sul de Espanha), MASCARADA (Madrid), ALTAIR e ISHTAR.
O Rock Progressivo italiano
O
Rock Progressivo ficou conhecido mundialmente a partir de inúmeras
bandas clássicas como YES, GENESIS, KING CRIMSON, PINK FLOYD, GENTLE
GIANT, VAN DER GRAAF GENERATOR, Emerson Lake and Palmer e muitas outras.
Quando se fala nesse gênero musical é muito provável que essas bandas
citadas sejam as primeiras que venham à mente, exceção feita apenas
entre aqueles que sentem orgulho de só gostar de grupos considerados
"obscuros". Porém, além do reconhecimento, esses nomes citados têm outro
ponto em comum, a sua nacionalidade britânica.
É inegável que o
Prog da Grã-Bretanha seja o mais conhecido entre todos os amantes do
estilo, uma vez que os ditos "medalhões" são todos de lá. Isso também
acontece com muitos dos subgêneros do Rock. Para uma parcela dos fãs a
vertente preferida vem de outro país, a Itália. Se existiu alguma outra
nação que pôde na época confrontar os ingleses em termos de número e
qualidade de bandas de Rock Progressivo, esses eram os italianos.
No
final dos anos 60 a Itália ainda não tinha tradição dentro do Rock em
geral. O clima político no país era pesado, já que a influência da ala
esquerdista nos assuntos internos estava se tornando muito grande.
Alguns grupos extremistas foram responsáveis por uma série de violentos
ataques e desordem, em um período que ficou conhecido como "Anni di
Piombo", ou "Anos de Chumbo"". Essa turbulência política teve
influências nos direcionamentos artísticos de diversas áreas. Os jovens
estavam desejando mudanças e esse desejo atingiu dos compositores
populares até alguns estudantes de conservatório. O Rock foi absorvido à
cultura do país e logo se tornou símbolo de protesto do mesmo modo que
aconteceu em diversos outros países.
Aqueles que começarem a
ouvir o Rock Progressivo italiano vão perceber logo no início que o
estilo é cheio de nuances e peculiaridades e, no fim das contas, que a
música desses grupos é o resultado de música clássica tocada como Rock,
diferente das bandas inglesas, como o YES, que faziam o contrário, ou
seja, tocavam Rock à moda da Música Clássica. Outro modo de dizer é que
na Itália foi o Rock que influenciou o clássico e não o contrário. Outro
ponto característico é o fato da música ter um grande caráter nacional,
com elementos barrocos e também uma enorme influência das óperas.